Você não pode gerenciar o que não mede: planejamento, organização e ferramentas adequadas podem trazer mais eficiência para os profissionais e lucratividade ao negócio

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Beatriz Machnick *

Um colaborador trabalha em média 8 horas por dia, que são multiplicadas por 22 dias úteis, isto é, 176 horas. E como esse tempo tem sido dividido entre as tarefas, entregas e projetos que precisam ser feitos? Sua empresa já parou para contabilizar onde o profissional e a equipe estão gastando as horas de trabalho? E quanto custa essa hora?

De acordo com a contadora e especialista em Controladoria e Finanças, que é pioneira da metodologia de Formação de Preços na Advocacia, Beatriz Machnick, não é apenas o custo do funcionário que deve ser levado em consideração no momento de falar de preço. Isso porque existe uma despesa estrutural embutida, uma estrutura física ou tecnológica em que o colaborador está inserido, mesmo que esteja em home office. Ela afirma que por mais que o escritório não cobre por hora de trabalho, ele vende o tempo para o cliente e contrata esse tempo dos colaboradores.

“Para chegar no custo exato da hora de trabalho, os gestores precisam de ferramentas que ajudam na medição. É importante saber quanto tempo o funcionário tem, qual é a demanda dos clientes e em quais atividades esse colaborador está alocando as suas horas e se elas estão sendo bem utilizadas”, comenta Beatriz.

Outro ponto destacado pela pioneira da metodologia de Formação de Preços na Advocacia é a validação da rentabilidade dos contratos atuais do escritório. Ela traz como exemplo: “se o advogado analisar seus contratos e contabilizar o tempo alocado em cada processo, com certeza a rentabilidade vai aumentar, pois muitas vezes o valor que está sendo cobrado versus o tempo que o cliente está demandando da equipe interna, financeiramente pode não ser lucrativo para a banca. Todo contrato ou processo, enquanto estiver dentro do escritório, gera custos. Se você dispõe o tempo da equipe, você está alocando esses custos”.

Não se trata de vender ou cobrar por hora, mas as empresas precisam saber exatamente o tempo que gastam em cada atividade. Sobre os sistemas e ferramentas de medição, Beatriz cita o timesheet, que pode ser utilizado para registrar e otimizar a execução das tarefas e construir um histórico de tempo a ser destinado em determinadas atividades. Outra ferramenta para análise é o Excel, que é de fácil acesso para todos e pode ser uma opção para as empresas que estão começando.

“Contabilizar o tempo é diferente de controle de jornada, ou seja, o horário que esse profissional inicia ou finaliza suas atividades pode até ser flexível. O que importa é ter clareza do tempo investido em cada cliente e em cada projeto”, reforça.

Ainda segundo Beatriz, fazer uma gestão equilibrada do tempo é um dos maiores desafios para as organizações e profissionais. “As empresas compram as horas dos seus colaboradores e vendem aos clientes. Então, a partir do momento em que elas sabem onde o tempo está sendo alocado, é possível analisar melhor o preço a ser cobrado”, pontua.

De acordo com a especialista em Controladoria e Finanças, isso vai além da lucratividade: a gestão do tempo traz eficiência ao trabalho e um olhar mais apurado para o profissional naquilo que demanda mais da sua carga horária. “Você não pode gerenciar aquilo que não está medindo. Um gerenciamento assertivo contribuirá diretamente para a tomada de decisões”, acrescenta.

 

*Contadora, especialista em Controladoria e Finanças, mestre em Governança e Sustentabilidade. É pioneira da metodologia de Formação de Preços na Advocacia e palestrante na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). É sócia-fundadora da BM Consultoria em Precificação e Finanças. Autora dos livros Gestão Financeira na Advocacia - Teoria e Prática (2020), Valorização dos Honorários Advocatícios – O Fortalecimento da Advocacia através da Gestão (2016) e Honorários Advocatícios – Diretrizes e Estratégias na Formação de Preços para Consultivo e Contencioso (2014).