Donos de companhias brasileiras se reúnem em São Paulo para não cair nas armadilhas das fusões e aquisições

 

M&A é a forma de mudar a curva natural da vida das empresas, dando-lhes sobrevida para iniciar novos ciclos de crescimento, diz empresário

 

No dia 1º de agosto, São Paulo reuniu um grupo seleto de proprietários de empresas brasileiras. O encontro, promovido pela Auddas para celebrar seu décimo aniversário, foi dedicado a temas como anticarreira, reinvenção e fusões e aquisições, combinando aspectos técnicos e filosóficos essenciais para o futuro do trabalho.

 

A abertura contou com a participação de Roberto Funari, do Bata Group, e Joseph Teperman, fundador da Amrop Brasil. Ambos discutiram a importância de abordar comportamentos diários que impactam decisões individuais e coletivas nas empresas, ressaltando a interconexão entre vida pessoal e processos de negócios, com ênfase no M&A (fusões e aquisições em Português), pauta da discussão.

 

Marco França, um dos idealizadores do evento e  fundador da Auddas, destacou que fusões e aquisições são fundamentais na reinvenção de empresas maduras, abordando a gestão de negócios e a competitividade. Ele enfatizou que a liquidez para acionistas é inevitável em certos estágios do ciclo empresarial, tornando o M&A uma solução estratégica essencial.

 

Fernando Pereira, diretor de M&A da Auddas, destacou, em sua exposição, a importância das fusões e aquisições como ferramentas estratégicas para ultrapassar desafios como sucessão familiar e expansão de competências. Ele ressaltou que o M&A não serve apenas para a venda de companhias, mas como uma "caixa de ferramentas" para rejuvenescer empresas e evitar a obsolescência, iniciando novos ciclos de crescimento, melhorando o valor e patrimônio através da aquisição de novas competências ou geografias. Pereira enfatizou a busca por sinergias que, ao reduzir despesas e aumentar lucros, podem exceder o crescimento que seria alcançado apenas por meios orgânicos, destacando um caso em que a aquisição de duas empresas resultou em significativa redução de custos operacionais.

 

Além disso, o diretor da Auddas abordou a necessidade de experiência e estratégia nas transações de M&A, observando que o sucesso frequentemente decorre de várias transações menores, que são menos arriscadas do que grandes negociações únicas. A importância de gerenciar bem o processo de Fusões e Aquisições, mantendo um ambiente competitivo e controlando os momentos de exclusividade nas negociações, foi sublinhada como essencial para maximizar o valor das transações. Com mais conhecimento e prática, ao contrário do passado, as empresas hoje têm mais sucesso, demonstrando que é uma ferramenta vital para o crescimento e a sustentabilidade dos negócios a longo prazo.

 

Ao final, Renata Homem de Melo, sócia e head da prática de Societário e M&A no FAS Advogados in cooperation with CMS, destacou a complexidade jurídica das fusões e aquisições, enfatizando a importância dos acordos de acionistas para prevenir crises e para assegurar o sucesso sustentável a longo prazo. Ela discutiu a necessidade de alinhamento e planejamento cuidadoso para que as transações atinjam seus objetivos, realçando que a previsão de liquidez para os sócios é fundamental, além da possibilidade de IPOs ou vendas privadas. A advogada aproveitou os temas apresentados pelos demais palestrantes e traçou um paralelo com uma transação de M&A e necessidade de um acordo de acionistas, envolvendo principalmente os temas de renovação, transformação, longevidade, rejeição, planejamento da transição. “O tema  fusões e aquisições envolve justamente uma renovação, uma reestruturação, uma nova visão de carreira e a forma como as pessoas desejam viver suas vidas, assim como todo o processo financeiro e jurídico que veio junto. Sendo assim, seja na venda de uma empresa ou na sucessão de um negócio, o contrato de acionistas é um instrumento indispensável para evitar crises e garantir o sucesso da operação a longo prazo”. No contexto jurídico, para alcançar um bom acordo, segundo Homem de Melo, todas as partes devem fazer sua lição de casa tentando entender as necessidades e dores umas das outras. “Um bom acordo equilibra as expectativas do comprador e do vendedor, evitando extremos que não beneficiam ninguém”, completou.

 

O evento da Auddas, certamente, combinou elementos técnicos e filosóficos ao congregar especialistas renomados. Eles compartilharam insights sobre novas trajetórias de carreira, inovações e transformações em gestão de negócios e de capital, bem como reflexões sobre o futuro do trabalho. Curiosamente, esses temas estão mais interligados do que parece à primeira vista. No dia a dia, executivos e empresários enfrentam desafios comportamentais que raramente são discutidos, mas que influenciam profundamente a tomada de decisões, tanto em níveis pessoais quanto coletivos, afetando diversas gerações dentro das empresas. 

 

O encontro se revelou uma valiosa chance para reflexão e enriquecimento intelectual, atraindo empresários de diversos setores, como indústria, construção, agronegócio, saúde, dentre outros. “Essa diversidade propiciou um panorama de experiências e perspectivas, enriquecendo o debate sobre como as empresas podem navegar com sucesso pelas complexidades das mudanças contemporâneas no ambiente de negócios”, declarou Fernando. “Propósito, cultura, reinvenção, desconstrução e construção são aspectos que permeiam indivíduos e empresas. Navegar nesses mares define quem vai chegar do outro lado da praia”, encerrou Marco França, ecoando o tema central do evento.

 

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