Desburocratização, compartilhamento de ganhos e crescimento comunitário estão entre os benefícios das cooperativas de crédito
Nos últimos anos as cooperativas de crédito têm se tornado, cada vez mais, uma excelente alternativa aos grandes bancos comerciais, mostrando a sua força na oferta e demanda de produtos que atendem uma grande parcela do público outrora excluído do mercado financeiro.
Como julho é comemorado como o mês do cooperativismo, vale a pena lembrar que muito desse entusiasmo ocorre graças a um crescimento acelerado das cooperativas nos últimos cinco anos e a fatores como a desburocratização do sistema, compartilhamento de ganhos e evolução junto às comunidades locais.
Segundo dados do Banco Central, levantados em 2021, o setor teve um crescimento expressivo entre as demais instituições financeiras, especialmente os bancos, o que garantiu um lugar de destaque no Sistema Financeiro Nacional (SFN). Nessa linha, o estudo revela que a carteira de crédito do Sistema Nacional de Cooperativismo atingiu R$ 95 bilhões em 2017, ou seja, 2,47% do SFN, enquanto que, no ano passado, a marca chegou a R$ 228,7 bilhões, ou 5,1% do SFN.
O advogado Adriano Coelho, do escritório MBT Advogados, é especialista em atendimento jurídico da área de cooperativismo e ressalta que uma das primeiras vantagens das cooperativas de crédito é o fato de se tratarem de empreendimentos formados por uma associação de pessoas para prestar serviços financeiros, exclusivamente, aos associados. Ou seja, há uma noção maior de propriedade sobre valores envolvidos nas operações financeiras.
“Quando uma pessoa ingressa em uma cooperativa de crédito, está investindo em algo que será seu, passando a fazer parte como ‘dona’ daquele empreendimento ou associação. Ainda que seja com uma pequena parte, que é a sua cota de capital integralizada, os resultados serão divididos com ela”, explica.
O recebimento das sobras anuais funciona como uma espécie de divisão dos resultados no sistema cooperativado, visto que a instituição não visa o lucro.
“Diferentemente do banco, na cooperativa não se é um mero cliente, mas sim alguém que faz parte daquela instituição, conforme o estatuto social da associação”, diz Adriano.
Em resumo, numa cooperativa de crédito se tem acesso aos mesmos produtos financeiros que um grande banco oferece, e as cotas de capital que são integralizadas e a movimentação financeira proporcionam sobras que serão divididas como resultado da cooperativa. “Isso é interessante em termos de investimento, porque o capital que está integralizado renderá conforme uma taxa comum de aplicação de renda fixa de qualquer outra instituição, e ainda será turbinado pela divisão dos resultados financeiros da cooperativa ao final do exercício”, frisa o advogado.
Ganhos reais do ponto de vista da comunidade
Outra vantagem importante, e que tem tudo a ver com o espírito do cooperativismo, é que as movimentações financeiras geram resultados que ficam na comunidade local.
“Numa cidade do interior, faz diferença o dinheiro que irá circular no comércio local e servir para investimentos na região, criando um círculo virtuoso”, analisa Adriano.
Fluxos rápidos e acesso direto à gerência
A fácil adesão torna a entrada em uma cooperativa, geralmente, menos burocrática do que abrir uma conta em um grande banco. Essas instituições estão trabalhando de forma cada vez mais efetiva para facilitar a relação e o contato com o cooperado. “A adesão é algo muito simples, com o preenchimento de ficha cadastral, com os mesmos documentos solicitados por qualquer banco. Os fluxos de aprovação no conselho de administração são ágeis, proporcionando, inclusive, maior rapidez nas situações do que em grandes bancos estatais, além de um contato direto com o gerente, um atendimento mais humanizado e pessoal do cooperado, que é tratado como ‘alguém’ e não como um simples número”, compara.
A integralização das cotas de capital se dá também por valores simbólicos, para que qualquer pessoa possa acessar e usufruir dos serviços cooperativos.
Por fim, Adriano ressalta também que é necessário ter cuidados com o acesso a esses produtos financeiros, como com qualquer outro.
“Certificar-se sobre taxas e encargos embutidos nos serviços, verificar se a administração de determinada cooperativa é responsável com a saúde financeira da instituição e buscar informações sobre o conselho são dicas valiosas que tornam o futuro na cooperativa mais promissor, e até mesmo mais lucrativo para o cooperado”, finaliza.
Sobre a MBT Advogados Associados – Fundado em 1985 por um dos advogados pioneiros em Rondônia, Ivan Machiavelli, o escritório é especialista em casos relacionados ao direito do agronegócio, direito cooperativo e recuperação judicial e falência. Os três sócios, Ivan Machiavelli, Deolamara Bonfá e Rodrigo Totino, têm o apoio de uma banca de 12 advogados e assistentes jurídicos que são referência de profissionalismo em Ji-Paraná e Porto Velho (RO).